Conceito
Alergia alimentar é toda reação adversa dirigida ao componente protéico do alimento e que envolve mecanismo imunológico.
Epidemiologia
O leite de vaca é o alérgeno alimentar mais representativo para o grupo pediátrico.
Ocorre principalmente nos três primeiros anos de vida.
Recente inquérito epidemiológico, realizado nas regiões sul e sudeste do Brasil, diz que 7,4% de 9.478 crianças apresentaram suspeita de alergia alimentar, relacionada ao leite de vaca em 77% dos casos. Incidência e Prevalência na Região Sul e Sudeste, respectivamente, 2.2% e 5.7%
Etiopatogenia
Pode ser dividida em primária e secundária:
· Primária quando ocorre em crianças de famílias com antecedentes atópicos;
· Secundária ocorre após surto de gastrenterocolite aguda ou conseqüente à deficiência transitória de IgA;
Patologia
Na enteropatia sensível ao leite de vaca a mucosa intestinal pode se apresentar difusamente alterada, mas o aspecto mais freqüente é o de distribuição das lesões em placas.
A lesão é inespecífica e pode ser representada pela redução das alturas das vilosidades, dos enterócitos e das microvilosidades;
Há aumento do número de linfócitos interepiteliais e o cório pode se apresentar com edema, dilatação linfática e com infiltração eosinofílica.
Fisiopatologia
O mecanismo fisiopatológico pelo qual se desenvolve a alergia alimentar envolve, além dos antígenos, processos de fundamental importância, como:
· a permeabilidade da barreira do trato gastrintestinal e a predisposição genética individual;
Quadro Clínico
A APLV, como todas as alergias alimentares, é classicamente dividida em mediadas por IgE, não mediadas por IgE e mistas.
Essa classificação é importante pelas diferenças existentes em suas manifestações clínicas e laboratoriais, assim como nas medidas dietéticas necessárias para seu manejo.
Várias manifestações clínicas foram descritas em associação com a alergia à proteína do leite de vaca, as quais podem ser divididas em dois grandes grupos:
· predominantemente gastrintestinais
· extra-intestinais
Diagnostico
O diagnóstico presuntivo é baseado principalmente em elementos clínicos tais como antecedentes familiares e outras manifestações alérgicas;
Diagnóstico definitivo é confirmado após o teste de provocação que consiste no desaparecimento dos sintomas após a exclusão do leite e recidiva quando o mesmo é reintroduzido.
· Análise Bioquímica:
O hemograma pode mostrar uma anemia hipocrômica microcítica e/ou eosinofilia; a d-xilosemia pode estar baixa e a pesquisa de gordura fecal e perda protéica fecal positivas traduzem má absorção intestinal.
O diagnóstico diferencial mais importante a considerar é a intolerância secundária à lactose. Outros são: gastrenterocolite aguda, doença celíaca, retocolite ulcerativa inespecífica.
Tratamento
O tratamento consiste em eliminar o leite de vaca e também todos os seus derivados da dieta.
A reintrodução deve ser gradual com rodízio constante na administração dos mesmos procurando dessa forma diminuir a chance de sensibilização.
A base do tratamento está em: alérgenos alimentares e utilização de fórmulas ou dietas hipoalergênicas.
As fórmulas atualmente disponíveis no mercado adequadas para crianças menores de um ano e que podem ter indicação no manejo dietético da APLV são:
· Fórmulas à base de proteína isolada de soja;
· Fórmulas à base de proteína extensamente hidrolisada;
· Fórmulas de aminoácidos.
Dieta Adequada
A que fornece os nutrientes em quantidades fisiológicas adequadas e livres dos alérgenos.
É preciso que os familiares do paciente saibam que mesmo uma pequena quantidade do alérgeno pode manter a doença e provocar reações adversas.